Com taxa em compras internacionais, Correios afastam AliExpress do Brasil
Exame
29 ago 2018
29 ago 2018
Os famosos “negócios da China” acabaram de se
tornar menos atraentes. Os Correios anunciaram nesta semana
uma taxação que pode comprometer as compras de 22 milhões de brasileiros em
e-commerces internacionais. Todas as encomendas que chegarem ao Brasil pelo
serviço postal estão sujeitas à cobrança de uma taxa extra de despacho, no
valor fixo de 15 reais.A medida já está valendo, segundo os Correios. A estatal
afirma em nota que o serviço de despacho postal era cobrado apenas para objetos
tributados pela Receita Federal. Mas, com o aumento das importações, a estatal
“precisou injetar mais recursos na operação”. Esse é mais um capítulo na saga
dos Correios, que tentam se recuperar de uma crise econômica que há anos
assombra o serviço postal.
Apesar de a taxa fixa incidir sobre todas as
encomendas internacionais, as compras que devem ser mais afetadas são as de
valores menores. É o caso da maioria das aquisições feitas em lojas online
chinesas, como AliExpress e DealeXtreme (DX.com), ou em e-commerces
internacionais que revendem produtos chineses, da gigante Amazon ao unicórnio
Wish.
De acordo com In Hsieh, CEO da Chinnovation,
o ticket médio das compras brasileiras nos e-commerces chineses é de 50 reais,
possibilitados também por políticas de descontos agressivos e de fretes grátis.
Enquanto isso, o ticket médio do comércio eletrônico brasileiro em geral fica
em 418 reais, segundo o relatório Webshoppers, da Ebit. “Nesse sentido, 15
reais é um valor muito significativo. A diferença de preço ainda pode compensar
em alguns casos, mas certamente as compras irão diminuir”, diz Hsieh.
Ainda de acordo com o Webshoppers, cerca de
22 milhões de brasileiros realizaram compras no exterior pela internet no ano
passado, 40% do total de clientes do comércio eletrônico. O total gasto em
e-commerces internacionais passou dos 36 bilhões de dólares, mais do que os
47,7 bilhões de reais de faturamento das empresas nacionais de comércio
eletrônico.
Mais da metade desses 22 milhões de
brasileiros foram clientes do AliExpress, o maior expoente do e-commerce chinês
em terras brasileiras. Criado em 2010, o portal de venda de produtos abaixo do
custo conecta diretamente os fabricantes chineses com compradores particulares,
especialmente de fora da China.
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